quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Para preservar aquilo que é de todos

             A ganância do ser humano tornou-se tão grande nos últimos anos que as conseqüências atingiram não só aqueles com os quais ele não se importava, mas também algo que será deixado para seus próprios filhos. Enquanto os capitalistas, sem mover uma palha sequer, gastam a matéria prima, que não é deles, em uma fábrica, que não é dignamente deles, empregando algumas pessoas, com salários ridículos, eles acabam produzindo resíduos que afetam a natureza, que já dá respostas catastróficas à humanidade.
            A cada dia, podemos ver cada ver mais pessoas que se revoltam com medidas desfavoráveis ao meio ambiente. Alguns têm mais dó de um cachorro do que de uma pessoa. “É que a pessoa tem como sair de onde está, já o cachorro nem ao menos é racional!” ou então “Querendo ou não, se as pessoas se esforçassem poderiam arranjar emprego”. O problema é que isso não é verdade. As pessoas não têm como se ajudar se a mídia, que faz de tudo para manter o dinheiro nas mesmas mãos, faz com que a maioria delas não busque com tanto ardor um futuro melhor. As pessoas são educadas, nunca fazem escolhas próprias. Tanto quanto o cachorro que dorme dentro do seu quarto e come uma ração mais cara do que a renda disponível para comer para uma grande parte da população.
            De fato, o meio ambiente não pode fazer nada se os poderosos o destroem. E é a casa deles. O grande consumo, que faz com que eles ainda tenham lucros, está alterando o clima em proporções que parecem pequenas para muita gente, mas são desastrosas, e estão ocorrendo muito mais rápido do que estariam se o homem não estivesse agindo. Cada vez mais percebemos que precisamos alterar nossa cultura de consumo para salvar o nosso planeta.
            Uma dupla de designers desenvolveu um sistema de consumo que promove uma sustentabilidade sem igual. E não é necessário parar de andar de carro nem deixar a carne de lado, segundo a revista Super (“Vá às compras e salve o mundo”, por Sabine Righetti e Karin Hueck). A reportagem afirma que William McDonaugh, desinger americano, e Michael Braungart, químico alemão, escreverem o livro “Do Berço ao Berço: Repensando a Maneira Como Fazemos as Coisas” e o lançaram no próprio sistema que desenvolveram: as folhas são de plástico, o que permite que sejam lavadas e sejam impressas coisas novas.
            Ainda segundo a Super, os eletrônicos também passariam por uma mudança na compra. Sabe quando você recebe o aparelho para transmitir tv a cabo pagando apenas o serviço? Com a própria tv poderia acontecer o mesmo: você pagaria pelo serviço ao invés de comprar algo que foi extraído gratuitamente da natureza, e seria de total responsabilidade da indústria reutilizar esse e todos os outros aparelhos eletrônicos para produzir novos. É aí que a cultura que seria necessária é mais interessante ainda: o conceito de posse seria alterado, uma vez que você pagaria aquilo que você realmente consome. Assim, ninguém tira lucro de algo que não lhe pertence e ainda ajuda a proteger o meio ambiente.
            Assim, o consumo exagerado pode deixar ecologistas felizes e começar a conscientizar as pessoas do direito que elas têm sobre as coisas do planeta. Se nascemos todos iguais, porque a matéria prima da tv tem que ser paga? Só temos a ganhar com essa nova proposta de consumo.
            O problema é que as empresas não vão querer se responsabilizar pela reutilização. Tudo que diminua seus lucros sempre vai ter obstáculos. Por outro lado, empresas que reutilizam poderão ampliar ainda mais seu mercado consumidor, já que as pessoas estão super engajadas em proteger a arvorezinha. Mas quem sabe assim talvez as pessoas finalmente utilizem a razão para pensar sobre o direito à propriedade e verão que na natureza tudo é de todos e ninguém pode tirar proveito da matéria que lhe foi dada de graça, e apenas do seu trabalho verdadeiramente esforçado. E continuo sonhando com o dia em que as pessoas achem mais bonito ver uma pessoa que quer uma sociedade onde todos tenham direitos realmente iguais do que escutar alguém que se manifeste pelo meio ambiente.

Guilherme Schnekenberg

3 comentários:

  1. Nós temos que ter consciência de que a natureza pode sim suprir todas as necessidades do homem,porém menos a GANÂNCIA!, portanto, apesar de uma ótima proposta, como esta na reportagem na Superinteressante, e em tantas outras idéias criadas por cientistas ecologicamente conscientes, é muito trabalhoso, e uma tarefa muito ardua, mudar a consciencia de todos. Mas não é impossível, talvez.
    Mas por enquanto ficamos no aguardo de dias melhores, e temos que ver com muito reconhecimento as pessoas engajadas em mudar essa triste realidade.

    "Depois da ultima arvore derrubada e sem frutos, o ultimo rio envenenado, o homem perceberá que dinheiro não se come."

    Não deveríamos, mas infelizmente, estamos apenas ao aguardo, do dia em que dinheiro não poderá servir de alimento, e nem de água. E talvez não demorará a chegar, por isso, SEJAMOS CONSCIENTES da natureza que tanto nos sustenta.

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  2. Gostei, é por aí mesmo! Temos que repensar nossos conceitos de civilização, prosperidade, desenvolvimento. Já escri muito a respeito, "O inquilino" é texto que abordo a questão da ocupação que fazemos do Planeta, como se donos fôssemos, quando na verdade somos apenas inquilinos. Maus inquilinos ainda. Apenas um trecho do texto "Água" que publiquei: "É um paradoxo que o Homo sapiens tenha, desde os tempos primitivos, lançado seus detritos e dejetos, justamente, nos cursos d’água, dos quais provém grande parte de sua água potável e, em decorrência, donde pode provir sua saúde ou doença". Abraços, e parabéns pelo blog, vou seguí-lo.

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  3. Texto muito bom, seria ótimo se todas as pessoas tivessem consciencia social e simplesmente preservassem o ambiente, mas no nosso mundo capitalista as soluções demonstradas no texto se mostram viáveis a todos, pois envolvem menos gastos para nós e menor desmatamento para o nosso planeta.

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